domingo, 10 de novembro de 2013

Segunda Reunião no Governo de MG para tratar sobre o despejo das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória. LUZ VERMELHA ACESA!

Segunda Reunião no Governo de MG para tratar sobre o despejo das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória. LUZ VERMELHA ACESA!

Belo Horizonte, MG, Brasil, 10 de novembro de 2013.

Dia 07/11/2013, aconteceram duas reuniões preocupantes para o povo das Ocupações Rosa Leão, Esperança, Vitória e William Rosa. Uma reunião ocorreu no 18º Comando militar de Contagem, MG, com o objetivo de “alinhar os últimos detalhes” para o despejo da Ocupação William Rosa, que está perto do CEASA, em Contagem, MG, com 4 mil famílias, sendo 5 mil crianças e mil idosos. Pretendiam já marcar o despejo para o dia 12 de novembro, mas como foram alertados que temos reunião agendada com três secretários do Governo de MG para o dia 13 de novembro às 15:00h, acabaram dizendo: “Vamos esperar o resultado da reunião do dia 13.”
No mesmo horário, dia 07/11/2013, aconteceu outra reunião preocupante na Cidade Administrativa, reunião que deu continuidade a outra do dia 21/10/2013, uma reunião do “Alto Comando do Estado de MG” para tratar sobre os despejos das Ocupações Rosa Leão (com 1.500 famílias), Esperança (com 2.000 famílias) e Vitória (com 4.500 famílias) na região do Isidoro e Granja dos Werneck. A reunião foi coordenada por Maria Coeli, Secretária da Casa Civil e da Secretaria de Relações Institucionais do Governo de Minas Gerais. Participaram da reunião o Comandante Geral de polícias, Cel. Santana, a juíza Luzia Divina, da 6ª Vara de Fazenda Pública Municipal, a que determinou reintegração de posse em quatro processos envolvendo as três Ocupações, acima referidas; a defensora pública Dra. Christyane Linhares, o deputado estadual João Leite, representando a Assembleia Legislativa de MG; o desembargador Armando Freire, representando o TJMG; o Procurador do município de Belo Horizonte, Husvel, e outros quatro assessores e secretários do prefeito de BH, etc. O tom da reunião não foi de abrir negociação, mas de encaminhar de fato os despejos. Na prática, ignoraram a luta do dia 04/11 e o documento assinado pelo secretário Wander Borges assumindo compromisso de reunião dia 13/11, às 15:00h e reunião com o Governador Antonio Anastasia, no início de dezembro próximo.
Os representantes do prefeito de BH, Márcio Lacerda, pressionaram muito para que os despejos sejam feitos o quanto antes. Falaram, inclusive, que o prefeito Márcio Lacerda já alugou um grande galpão para acolher famílias após o despejo. E que já estão pagando aluguel sobre esse galpão.
O deputado João Leite, em uma postura humanista, tentou defender os direitos das 12 mil famílias que estão nas quatro ocupações: Rosa Leão, Esperança, Vitória e William Rosa. O dep. João Leite disse que era um absurdo e que estranhava muito uma juíza tratar um grave problema social como o que envolve 12 mil famílias como um caso de polícia e simplesmente mandar despejar.  O dep. João Leite exigiu que fosse feito um cadastro pelo poder público para aferir quais as famílias que de fato estão na faixa de zero a três salários mínimos.
Duas defensoras públicas e um defensor público da Defensoria pública do estado de MG foram para a reunião, mas permitiram a participação apenas de uma. Quando a defensora pública insistia em discutir os direitos do povo das ocupações, era constrangida com “essa reunião aqui não é para tratar sobre políticas públicas, mas sobre os despejos.”
Ao final da reunião, sem determinação clara, ficou de se esperar a reunião de uma Comissão de representantes das Ocupações, Movimentos sociais populares, dia 13/11, com três secretários do Governo de MG.
Reiteramos aqui em nome do respeito à dignidade humana: Esperamos do Governo Estadual de Minas, dos comandantes da polícia militar, do prefeito de Belo Horizonte e da juíza Dra. Luzia Divina sensatez e abertura para uma MESA DE NEGOCIÇÃO. Registre-se que a juíza Luzia Divina foi a que mandou despejar a Ocupação Eliana Silva, no Barreiro, e jogou em cima de 350 famílias 400 policiais, cavalaria, helicóptero e até caveirão, tanque de guerra.
Esperamos do TJMG sensatez e abertura para uma MESA DE NEGOCIÇÃO, pois nas quatro ocupações estão 12 mil famílias, isso sem contar 1.300 famílias da Ocupação Dandara, 350 famílias da Ocupação Eliana Silva, 142 famílias da Ocupação Camilo Torres, 180 famílias da Ocupação Irmã Dorothy, 120 famílias da Vila Cafezal, no Novo São Lucas, 1.500 famílias no Novo Lagedo, 150 famílias despejadas pela PM e Guarda Municipal de BH dia 25/10/2013, ao lado da Vila Corumbiara, no Barreiro em Belo Horizonte, 200 famílias despejadas da Ocupação no Tupã, em Contagem.
Esperamos do prefeito de Contagem, Carlin Moura, sensatez e abertura para uma MESA DE NEGOCIÇÃO.
Esperamos, enfim, do Governo Federal sensatez e abertura para uma MESA DE NEGOCIÇÃO, pois através do CEASA, o governo federal se diz proprietário do terreno onde está a Ocupação William Rosa, etc.
Não podemos esquecer que na região metropolitana já são mais de 25 mil famílias em ocupações.
Não podemos permitir o despejo dessas quatro ocupações, pois será uma aventura temerária, que poderá resultar em massacres e em problemas sociais difíceis de prever as repercussões. O diálogo, a negociação em uma MESA DE NEGOCIAÇÂO com participação de todos os atores envolvidos é o CAMINHO JUSTO E SALUTAR. Por isso clamamos!
Já pensou se a maioria dessas famílias resolverem paralisar Belo Horizonte!
O Povo não vai tolerar mais sobreviver crucificado pela cruz do aluguel, que é veneno que come no prato dos pobres. Não vai tolerar mais sobreviver de favor, o que é muito humilhante. O povo pobre, animado pelas manifestações de junho último, está levantando a cabeça e não vai abrir mão de conquistar seus direitos constitucionais e sagrados, entre eles o direito de morar dignamente. Milhares de famílias sem-terra e sem-casa também estão vendo e ouvindo os exemplos das Ocupação-Comunidade Dandara, Eliana Silva e muitas outros, que são estrelas a serem seguidas.
Enfim, está mais claro do que o sol do meio-dia que polícia, repressão e despejos JAMAIS RESOLVERÃO de forma justa os gravíssimos problemas sociais que envolvem somente em Belo Horizonte mais de 150 mil famílias – eis o déficit habitacional de BH -, que estão sem-casa.
Por tudo isso, clamamos por DIÁLOGO E NEGOCIAÇÃO SÉRIA! O povo das Ocupações jamais vai aceitar ser despejado. E jamais vão se DISPERSAR!
Quem tem ouvidos que ouça antes que seja tarde demais!

Abraço terno na luta.

P/Comissão Pastoral da Terra – CPT,
Frei Gilvander Moreira



Um comentário:

  1. A melhor atitude nesse momento é uma manifestação bém organizada, com estratégica p/ para BH. E mostrar para população o descaso dos governantes com a questão social, pois o povo acha que o Minha Casa Minha Vida funciona para classe baixa.

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